O Grupo Camargo Corrêa, um dos interessados em participar dos leilões para a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, manifesta preocupação com a falta de informações sobre o preço dos equipamentos que deverão ser utilizados nas usinas.
Segundo o diretor da Amazônia Madeira Energética Ltda. (Amel, empresa criada pelo grupo para participar dos leilões), João Canellas, essa é uma das principais dificuldades encontradas pelo grupo. Ele criticou o fato de fabricantes nacionais de equipamentos já estarem "fechados" com o consórcio Odebrecht-Furnas, que fez o estudo de impacto ambiental (EIA) no qual se baseou a licença prévia concedida pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
"Esse é um ponto importante, porque o fornecimento de equipamentos totaliza, só para Santo Antônio, cerca de R$ 3 bilhões em um orçamento de R$ 10 bilhões", afirma Canellas. Ele diz que o preço da energia que será apresentada no leilão, previsto para outubro, depende desses valores. "Nós precisávamos ter preços firmes de equipamentos para dar um preço de energia no leilão baseado em valores que pudéssemos ter conforto em garantir, posteriormente, a venda da energia", afirma.
Em nota, a Odebrecht confirma que firmou parceria com algumas empresas, mas garante que agiu com base nos princípios constitucionalmente garantidos da livre-iniciativa e da livre-concorrência. "Tal acordo foi e é necessário para salvaguardar os interesses não apenas dos envolvidos, mas também para garantir o atendimento dos interesses de financiadores, investidores financeiros e demais partes envolvidas seriamente com o Projeto", diz a empresa.
A construtora também garante que existem outras empresas que podem atuar com as concorrentes: "Especificamente no que diz respeito aos fornecedores de turbinas bulbo e demais equipamentos, a CNO [Companhia Norberto Odebrecht] esclarece que existem no mercado nacional e estrangeiro diversas empresas aptas a fabricar turbinas e demais equipamentos nos mesmos moldes dos parceiros da CNO".
Segundo a Odebrecht, em nenhum momento das negociações os fornecedores se uniram para ajustar aos interesses da empresa preços, prazos, garantias ou qualquer outra condição de venda.
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Panorama Brasil, 16/07/2007)