Em baixa quantidade, vazamentos pequenos de água "radioativa" de usinas nucleares, como o que aconteceu no Japão nesta segunda-feira (16/07), não costumam produzir danos ao ambiente ou mesmo a pessoas expostas a ela -- ocorre que os níveis de radiação da água em geral são muito baixos para serem ameaçadores. Numa usina nuclear, a água serve como uma forma de transferir energia, pelo calor, e ao mesmo tempo refrigerar o reator. Nesse processo, ela acaba sendo atingida por algumas partículas resultantes do processo de fissão ("quebra") de átomos de urânio, tornando-a radioativa.
Ainda assim, pequenas quantidades de radiação não chegam a ser nocivas a seres vivos -- para serem ameaçadoras, é preciso que elas atinjam doses mais altas ou a exposição seja prolongada. É justamente essa resistência de curto prazo que permite que astronautas realizem missões à Lua, sem a proteção da atmosfera e do campo magnético da Terra contra a radiação nociva emitida pelo Sol.
Já houve casos de vazamentos que chegaram a banhar funcionários de uma usina nuclear em água radioativa, mas eles não tiveram problemas posteriores de saúde. No caso da usina japonesa de Kashiwazaki Kariwa, segundo a companhia japonesa Tokyo Electric, o vazamento foi de cerca de 1.200 litros. A água jorrou diretamente para o mar do Japão e, segundo a empresa, não provocou danos detectáveis.
O conteúdo radioativo da água era apenas um bilionésimo do permitido pela lei japonesa. Mas esse não é o primeiro caso de vazamento no Japão, o que tem feito a opinião pública se questionar sobre o real nível de segurança das usinas nucleares daquele país -- que precisam ser especialmente reforçadas para sobreviver a terremotos. A demora no anúncio do vazamento também criou suspeitas.
"O vazamento em si não parece significativo até agora, mas o fato de que não foi relatado imediatamente é uma preocupação", disse Michael Mariotter, do Serviço de Recursos e Informação Nuclear, instituição localizada nos Estados Unidos, em entrevista à agência de notícias Associated Press. "Quando uma companhia começa por negar um problema, faz você pensar se algo mais vem por aí." Cerca de 30% da eletricidade japonesa é fornecida por instalações atômicas.
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G1, 16/07/2007)