A empresa Tokyo Electric Power Co (Tepco) desligou três geradores existentes na maior usina nuclear do mundo depois de um violento terremoto ocorrido no Japão, na segunda-feira, ter provocado um pequeno incêndio em uma das suas unidades, disseram funcionários da empresa. A Tepco, maior empresa de serviço público da Ásia, acrescentou que 1,5 litro de água na qual se armazena materiais radiativos vazou de uma unidade fechada para manutenção. A usina atingida foi a Kashiwazaki-Kariwa.
A água contaminada chegou ao oceano, mas, segundo a Tepco, não afetaria o meio ambiente. A empresa havia dito antes que nenhum material radiativo tinha vazado da usina. O vazamento aconteceu na unidade Número 6, que possui capacidade de gerar 1,356 milhão de quilowatts. O fogo atingiu um transformador ligado a outra unidade, a Número 3.
A Tepco não conseguiu dizer quando as três unidades que se desligaram depois do terremoto voltariam a operar, mas um funcionário da empresa afirmou não haver planos de aumentar a produção de energia elétrica nas termelétricas alimentadas por carvão e gasolina a fim de compensar pela perda na produção de energia. "Temos um bom suprimento de energia para cobrir a demanda desta semana, entre terça-feira e domingo", disse o funcionário.
O terremoto de magnitude 6,8 aconteceu às 10h13 de um feriado de segunda-feira (22h13 de domingo em Brasília), matando ao menos sete pessoas. Há três anos, na mesma região, um abalo sísmico deixou 65 mortos. Mais tarde, na segunda-feira, outro terremoto foi registrado no país. As unidades geradoras Número 3, Número 4 e Número 7, localizadas perto do epicentro do terremoto (250 quilômetros a noroeste de Tóquio), pararam de funcionar automaticamente. A unidade Número 3, sozinha, possui uma capacidade de 1,1 milhão de quilowatts.
Outras quatro unidades da Kashiwazaki-Kariwa, a maior usina nuclear do mundo segundo a Tepco, não estavam funcionando porque se submetiam a uma manutenção, afirmou a empresa. O problema aparece no momento em que o setor nuclear do Japão, que produz cerca de um terço da energia consumida no país, já opera em níveis excessivamente baixos para a temporada de verão, quando há um aumento da demanda. O setor operou com 62,4 por cento de sua capacidade em junho, 7,5 pontos percentuais abaixo do registrado em junho do ano passado. O consumo de energia para esse mês de 2007 atingiu, no entanto, seu recorde.
Esse foi o pior desempenho do setor em um mês de junho desde 2003, quando um escândalo na área de segurança obrigou a Tepco a paralisar todos os seus reatores, provocando um aumento no consumo de derivados do petróleo nas usinas termelétricas. Novas falhas na área de segurança reveladas neste ano obrigaram as empresas de energia a paralisar suas operações para realizar inspeções adicionais, levando o setor nuclear a um novo recorde negativo.
(Por George Nishiyama e Chikafumi Hodo,
REUTERS, 16/07/2007)