A Coréia do Norte condicionou ontem (15/07) o desmantelamento de todo seu programa nuclear ao levantamento de todas as sanções contra o país impostas pelos EUA e pelo Japão.
A declaração foi feita pelo ministro da missão norte-coreana na ONU, Kim Myong Gil, depois de confirmar que Pyongyang fechou no sábado o reator nuclear de Yongbyon, em cumprimento a acordo assinado em fevereiro.
Em uma declaração, o Ministério de Relações Exteriores norte-coreano disse que o progresso no desarmamento dependeria "de quais medidas práticas os EUA e o Japão, em particular, tomarão para suspender suas políticas hostis" contra o país.
Para continuar com o desarme nuclear, Kim disse que o governo norte-coreano buscará que Washington realize medidas paralelas. "Depois do fechamento do reator, vamos discutir a retirada das sanções econômicas contra Pyongyang e a remoção de nosso país da lista de nações que apóiam o terrorismo”, disse. “Todas essas questões deverão ser discutidas e resolvidas."
Segundo Kim, o reator nuclear foi desativado depois do recebimento de 6,2 mil toneladas de petróleo no porto de Songbong. O carregamento fazia parte das 50 mil toneladas prometidas pela Coréia do Sul para que Pyongyang desligasse o reator.
A chancelaria da Coréia do Norte divulgou comunicado oficial afirmando que o fechamento das instalações antes do recebimento da quantia total de petróleo prometida consistia em uma "manifestação de boa-fé".
O negociador americano para o desarmamento nuclear da Coréia do Norte, Christopher Hill, afirmou que o time de dez inspetores da AIEA que chegaram no sábado ao país começariam a verificar se as instalações de Yongbyon foram realmente fechadas.
"A Agência Internacional de Energia Atômica poderá confirmar essa informação", afirmou Kim.
A desativação do reator da usina nuclear de Yongbyon, a 100 quilômetros da capital Pyongyang, é o primeiro passo dado pelo regime comunista para encerrar seu programa de armas nucleares desde o início do impasse, em outubro de 2002, quando os inspetores da AIEA foram expulsos da Coréia do Norte e o país abandonou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
A atitude do governo norte-coreano na época foi em resposta à acusação dos EUA de que a Coréia do Norte tinha um outro programa nuclear secreto, com base no enriquecimento de urânio. Ainda em 2002, os EUA cortaram o fornecimento de petróleo ao país (acertado no acordo de 1994) e o presidente americano, George W. Bush, incluiu a Coréia do Norte no chamado "eixo do mal", junto ao Irã e ao Iraque.
Segundo especialistas, durante o impasse, os norte-coreanos produziram plutônio suficiente para pelo menos 12 bombas atômicas.
As negociações foram retomadas somente depois que a Coréia do Norte realizou seu primeiro teste nuclear, em outubro de 2006. Em fevereiro, a Coréia do Norte prometeu fechar as instalações de Yongbyon em troca de ajuda energética e outros benefícios.
(Estado de S. Paulo, 16/07/2007)