A ameaça dos apagões que paira sobre a Argentina deve refletir também em Santa Catarina. O país vizinho é o principal fornecedor de trigo e com o problema energético a produção local deve diminuir e fazer subir o preço do produto. Hoje, a tonelada do trigo argentino custa US$ 250,00.
O presidente do Sindicato das Panificadoras e Confeitarias (Sindipan) de Santa Catarina, César Murilo Barbi, acredita que o apagão energético não é o único problema que compromete o abastecimento brasileiro de trigo argentino. Ele defende que por estar em ano eleitoral, o país vizinho está priorizando o atendimento do mercado interno. “Estão segurando o trigo para garantir prazo e preço. E do trigo que vai para exportação, priorizam o atendimento principalmente aos países asiáticos, que pagam mais”, diz.
O vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri afirma que em função dos apagões, afetados pelas dificuldades para moer o trigo, alguns produtores argentinos já não estão cumprindo seus contratos com compradores brasileiros. “O apagão argentino é um bom negócio para o Brasil. O produtor brasileiro está apostando no preço interno e produzindo mais, mesmo sem apoio do governo federal.”
Ele acredita que passando o período eleitoral e a época de maior frio, quando aumenta o consumo de energia, a situação deve se normalizar. Mas nesse período, o consumidor brasileiro deve continuar convivendo com aumentos dos preços nos derivados do trigo. Caso a situação na Argentina não se normalize, o Brasil deve voltar sua atenção também para produtores como Canadá e Rússia. César Barbi reclama da qualidade do produto brasileiro e diz que parte da produção nacional é usada em mistura com produtos importados.
O apagão energético argentino ainda não afetou fronteira com Santa Catarina. O chefe da Inspetoria da Receita em Dionísio Cerqueira, Arnaldo Borteze, disse que não há sinais de mudança na cidade de Bernardo de Irigoyen, do outrolado da fronteira. Os brasileiros seguem fazendo fila para comprar combustível no lado argentino. A gasolina argentina é vendida a R$ 1,52 por litro.
(A Notícia, 15/07/2007)