A China confirmou, na última semana, que não aceitará nenhum tipo de meta obrigatória para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa como parte de um novo acordo internacional sobre mudanças climáticas. Lu Xuedu, diretor do escritório governamental da China para questões ambientais globais, diz que “este não é o momento” para o país considerar compromissos compulsórios. Ele também criticou as atitudes de países desenvolvidos em relação ao aquecimento global.
Xuedu afirma que a China não descarta a possibilidade de adotar metas obrigatórias no futuro. “Agora não temos capacidade para assumir esse compromisso. Esperamos ter logo, mas isso dependerá do nosso processo de desenvolvimento”, declarou ao comitê conjunto de mudanças climáticas do Reino Unido.
De acordo com especialistas da Agência Ambiental da Holanda, a China já ultrapassou os Estados Unidos como maior emissor mundial de dióxido de carbono (CO2). Agora, a ONU e as nações ricas estão empenhadas em fazer com que a China e outros países em desenvolvimento assumam metas de redução de emissões por meio de um novo acordo climático, que deverá entrar em vigor a partir de 2012. Um dos motivos pelo qual o presidente dos Estados Unidos, George Bush, não ratificou o Protocolo de Kyoto foi a falta de exigências para grandes emissores mundiais como a China.
Xuedu considera injusto fazer comparações entre as emissões chinesas e as americanas, primeiro porque a população da China é muito maior e, segundo porque o país sempre apostou na energia barata para retirar as pessoas da pobreza. “Se você visitar apenas Pequim, Xangai e Hong Kong, verá uma China; mas, se você for para área rural ou dirigir duas horas a partir de Tiananmen Square, verá uma situação totalmente diferente”, explica.
“Independente do tipo de compromisso nós assumamos com a comunidade internacional, acreditamos que as mudanças climáticas são uma questão muito séria”, enfatiza. “Em muitos outros países, os governos estão determinando metas próprias. Amanhã quando mudarem de governo, dirão ‘não, isto não é minha responsabilidade’. Isso acontece em muitos países, inclusive nos desenvolvidos. É como jogar jogos de criança. Mas, para nós, é muito sério”.
Ele informa que o plano nacional de mudanças climáticas anunciado por Pequim no último mês reduziria uma grande quantidade de CO2, mas que a China ainda necessita de ajuda externa na luta contra a crescente poluição, particularmente na área de tecnologias limpas.
(Por Sabrina Domingos, Carbono Brasil, traduzido do The Guardian, 12/07/2007l)