A Índia deu na sexta-feira (13/07) os primeiros passos para desenvolver um plano nacional para lidar com o aquecimento global e avaliar suas próprias emissões de gases do efeito estufa, em meio a uma crescente pressão internacional.
O novo Conselho da Mudança Climática realiza sua primeira sessão, e seu objetivo é definir um plano claro antes da importante reunião climática da Organização das Nações Unidas (ONU) marcada para dezembro em Bali. Mas o grupo governamental não deve estabelecer metas para a redução de emissões.
"A Índia está agora respondendo à urgência da situação", disse Sunita Narain, membro do Conselho e diretora do Centro para a Ciência e o Meio Ambiente, de Nova Délhi.
"Nunca fomos muito bons em declarar nossa posição, e é hora de articular todas as coisas que a Índia está fazendo e os planos para mitigar e se adaptar ao aquecimento global."
A Índia, cuja economia cresceu 8-9 por cento nos últimos anos, é um dos maiores poluidores mundiais, contribuindo com cerca de quatro por cento das emissões globais dos gases do efeito estufa. Puxadas pelo consumo de combustíveis fósseis, as emissões indianas estariam crescendo 2-3 por cento ao ano.
Mas, por se tratar de um país em desenvolvimento, o Protocolo de Kyoto não exige que a Índia reduza suas emissões, apesar da forte pressão nesse sentido por parte de países industrializados e ONGs ambientais.
O governo rejeita metas de redução das emissões, pois alega que precisa da energia para tirar milhões de pessoas da pobreza e que suas emissões per capita representam apenas uma pequena fração das emissões dos países desenvolvidos.
Os 21 membros da comissão -- entre os quais ministros, ambientalistas, industriais e jornalistas -- devem considerar formas de aumentar a eficiência energética sem prejudicar o crescimento e meios de promover fontes energéticas renováveis.
Também serão discutidas formas de combater os efeitos do aquecimento, que ameaça a subsistência de centenas de milhões de pessoas no subcontinente indiano -- provavelmente uma das regiões mais afetadas no globo.
O recuo nas geleiras do Himalaia pode ameaçar o abastecimento de água a centenas de milhões de indianos, e o aumento do nível do mar é um perigo para cidades como Mumbai e Kolkata (ex-Calcutá), além do vizinho Bangladesh, segundo cientistas. Eles afirmam que secas e inundações já estão mais comuns, provocando doenças e afetando safras.
(Por Nita Bhalla, Reuters, 13/07/2007)