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crise energética
2007-07-16

O governo da Argentina vai gastar 300 milhões de pesos (US$ 100 milhões) nos próximos 90 dias para executar o plano de emergência “Energia Total”. O programa, anunciado quinta-feira à noite, implica um subsídio do valor dos combustíveis líquidos (óleo diesel e gasolina) para uso industrial. As três principais petrolíferas que operam na Argentina, Repsol YPF, Petrobrás e Esso, vão receber o subsídio do governo para fornecer às indústrias combustíveis líquidos para suas máquinas pelo mesmo preço do gás natural.

A medida é similar à que foi adotada na última terça-feira (10/07) nos postos de serviços da Petrobrás e da Repsol YPF. O preço da gasolina praticamente foi igualado ao do GNC (Gás Natural Comprimido) para beneficiar os motoristas de táxis e outros veículos movidos a gás. O “Energía Total” visa a solucionar o problema do setor industrial, que vem enfrentando cortes de gás e de eletricidade desde meados de maio.

Segundo a União Industrial Argentina, 4.000 fábricas em todo o país estão afetadas “direta ou indiretamente” pela crise. Cerca de 300 fábricas estão completamente paralisadas e outras 700, parcialmente paradas. Os analistas já estimam que o setor manufatureiro argentino vai crescer 6% neste ano e não 7%, como projetado anteriormente. Esse esfriamento representa para o país 2,1 bilhões de pesos (US$ 677 milhões) menos em termos de produção.

“Se espera que a falta de energia aprofunde a desaceleração da indústria e afete diversos setores da atividade. Levando em conta esse cenário, reduzimos nossas projeções de crescimento anual para o setor manufatureiro para cerca de 6%”, afirmou a consultoria Ecolatina.

O setor produtivo tem sido obrigado a racionar a energia durante oito horas diárias há quase um mês. O governo espera reverter esse quadro com o plano. Segundo o ministro do Planejamento, Julio De Vido, o governo espera também que seja gerada uma economia diária de 5,8 milhões de metros cúbicos de gás. Esse volume é maior que os 4,6 milhões importados da Bolívia.

O presidente Néstor Kirchner não pensa em implementar um programa de racionamento que inclua a população em geral, já que o gás poupado será utilizado na produção de eletricidade e consumo residencial. A indústria responde por 35% do consumo de gás em períodos normais, ante 20% das casas e 30% das centrais elétricas. No caso da eletricidade, 90% é de consumo residencial.

“Nem esse plano nem outro pode dar certo se o governo não envolver toda a sociedade argentina em uso racional da energia”, disse ao Estado um executivo de uma multinacional.
(Por Marina Guimarães, Estado de S. Paulo, 14/07/2007)


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