Terminou nesta sexta-feira (13/07) em Belém, no Pará, a 59ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). O tema do encontro, que começou nesta segunda-feira, era "Amazônia: desafio nacional". Entre os assuntos debatidos, o desmatamento da floresta e o aquecimento global.
Segundo o professor Luiz Felipe de Alencastro, que participou do evento, as conversas durante o encontro da SBPC giraram em torno, principalmente, da organização do território amazônico. "A Amazônia está, essencialmente, no Brasil, mas também envolve Colômbia, Venezuela, Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Peru e Equador. Há toda uma vizinhança que está ligada à floresta", diz. A idéia de uma Panamazônia que precisa ser gerida coletivamente pelos países vizinhos, permeou os debates, e se configurou como uma questão fundamental para a conservação da floresta e a minimização dos efeitos do aquecimento global, conta Alencastro.
Uma gestão separada da Amazônia oriental e ocidental, revela o professor, também é outra idéia que surgiu com bastante força. A Amazônia oriental engloba a foz e o estuário do Rio Amazonas e da Ilha de Marajó, no Amapá, e a Amazônia ocidental compreende a área de Manaus para cima.
As diferenças que marcam essas "duas Amazônias", explica Alencastro, estão centradas, principalmente, na forma como são exploradas as suas riquezas. No lado oriental, a Petrobrás, por exemplo, tem jazidas de gás, de petróleo e de urucum. "Há um problema específico de extração e de controle de jazidas nessa área", diz. No lado ocidental, o problema é a questão do transporte fluvial, que interfere na vida da vizinhança na região onde os rios encontram-se com o mar. "A navegação que passa nessa área precisa de um plano coletivo, que englobe desde o Maranhão até o Rio Oiapoque e a Guiana Francesa", explica.
Na seqüência do evento, o professor visitou a ONG Caruanas do Marajó Cultura e Ecologia, que fica no município de Soure, localizado na parte sul da Ilha de Marajó. A entidade é presidida pela pajé Zeneida Lima e desenvolve projetos sociais, culturais e de preservação da natureza. Um dos destaques é a escola para 340 crianças da região. A criação de uma horta na instituição como gancho para formação ambiental dos alunos é um dos projetos que estão sendo estudados pelo grupo de Alencastro, que conta com membros de uma fundação para a agricultura e a alimentação de Roma, na Itália, ligada à Unesco.
A próxima parada de Alencastro é a cidade de Manaus, no Amazonas, onde visitará o projeto PIATAM (Potenciais Impactos Ambientais do Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica). Desenvolvida pela Petrobrás, essa iniciativa envolve cerca de 600 pesquisadores que estudam o meio ambiente e a conservação florestal e ambiental na Amazônia.
(Uol News, 13/07/2007)