A Agência Internacional de Energia (AIE) disse, nesta sexta-feira (13/07) que a produção de petróleo do Brasil em 2008 vai atingir uma média de 2,15 milhões de barris diários, ante os 1,9 milhões de barris deste ano. "Projetos em águas profundas nos campos de Roncador, Polvo, Golfinho, Piranema e Marlim Leste sustentam potencialmente o ano de aumento mais forte na produção do Brasil já registrado", disse a agência em seu relatório mensal.
Segundo a AIE, a produção brasileira de biocombustíveis, em sua maioria composta de etanol, deve crescer em média 50 mil barris diários em 2008, atingindo 360 mil barris diários. "O etanol brasileiro tem vantagens competitivas em relação aos custos de produção, o uso de terras para agricultura, e de infra-estrutura, quando comparada aos biocombustíveis em outros países, sustentando seu crescimento de médio prazo", disse.
A produção mundial de biocombustível - principalmente etanol e biodiesel - deve crescer 32% em 2008, atingindo 1,45 milhão de barris diários. Segundo a agência, essa performance será semelhante á registrada neste ano. O crescimento da produção de biocombustíveis nos países da Europa Ocidental representará 38% da expansão global da oferta do produto em 2008. Mas a AIE salientou que "questionamentos continuam sendo feitos em relação à viabilidade econômica dos biocombustíveis, à competição no uso da terra entre energia e produção de alimentos e a uma aparente carência de políticas específicas para o produto no setor de combustíveis para veículos.
Redução
A AIE voltou a exortar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a elevar a sua produção para aliviar a pressão altista sobre os preços da commodity neste segundo semestre. A agência reduziu em 100 barris diários, para 86 milhões de barris diários, sua previsão de crescimento do consumo mundial de petróleo em neste ano, mas disse que a demanda deve ter uma alta "robusta" de 2,5% em 2008, para 88,2 milhões de barris diários.
Apesar dessa previsão de forte aumento do consumo no próximo ano, a agência avalia que perspectiva para o balanço entre a oferta e demanda mundial poderá ser em 2008 um pouco menos apertada do que em 2006 e 2007, por causa do aumento da produção de biocombustíveis (350 mil barris por dia), a da produção dos países que não são membros da Opep (650 mil barris por dia) e o aumento da capacidade ociosa do cartel (1 milhão de barris por dia). Isso sugere que a pressão altista sobre os preços declinar no próximo ano.
"No geral, tanto em termos de capacidade ociosa na exploração e de flexibilidade no refino, 2008 parece neste momento estar ligeiramente mais confortável do que em 2006 e 2007", disse a agência. Mas ela observou que essa previsão está condicionada a uma "miríade" de influências - como o clima, a estratégia da Opep, geopolítica, e crescimento econômico - que vão determinar os preços do petróleo nos próximos meses.
A AIE observou que os preços futuros do barril Brent subiram neste mês para acima deUS$ 77 por causa de "fundamentos apertados do mercado, maior tensão geopolítica e indicações de fortes compras"da commodity realizadas por fundos de investimentos. "As quedas nas margens das refinarias sugerem que o aperto no mercado está se mudando dos derivados para os mercados de petróleo cru", disse.
(Por João Caminoto, Agência Estado, 13/07/2007)