Passarinhos de cores brilhantes estão entre as espécies afetadas de forma mais dura pelos níveis de radiação ao redor da usina nuclear de Chernobyl, segundo determinou uma pesquisa realizada por especialistas em ecologia e publicada no periódico Journal of Applied Ecology. O trabalho ajuda a explicar por que algumas formas de vida são mais afetadas pela radiação que outras.
Os cientistas Anders Møller e Timothy Mousseau examinaram 1.570 pássaros de 57 espécies diferentes nas florestas ao redor de Chernobyl, e a diferentes distâncias do reator. Eles determinaram que as populações de quatro grupos de pássaros - os cuja plumagem vermelha, amarela e laranja é baseada em substâncias chamadas carotenóides, os que põem os ovos maiores, os que migravam mais longe e os que ocupavam maior área - declinaram mais que as outras.
O resultado parece girar em torno do papel dos antioxidantes, substâncias que ajudam a proteger o organismo contra radicais livres. Certas atividades consomem uma grande quantidade desses antioxidantes, incluindo a produção de pigmentos baseados em carotenóides, longas migrações e a produção de ovos grandes - pássaros transferem antioxidantes do corpo para o ovo, e ovos maiores requerem mais dessas substâncias.
Møller e Mousseau formularam a hipótese de que, por ter menos antioxidantes para enfrentar os radicais livres - moléculas quebradas que surgem naturalmente no corpo, mas que aumentam em quantidade quando o organismo é exposto à radiação - esses grupos de pássaros são os mais afetados.
(Estadão, 13/07/2007)