(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
mata atlântica
2007-07-16

Elas são uma ameaça a plantas e animais nativos. Estudo que está sendo realizado pela Diretoria de Florestas do Ibama, em convênio com o Pnud, reconheceu 96 espécies invasoras

A gestora ambiental Ana Carla Santos Pereira, consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), especialista em ecologia e controle de plantas exóticas invasoras, é a responsável pelo levantamento de plantas exóticas nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas de Reserva Legal no sul do Brasil, iniciado em junho, num convênio do órgão com a Diretoria de Florestas (Diref) do Ibama.

Já foram identificadas 96 espécies invasoras nos campos e nas cidades da Serra Gaúcha, por onde ela começou a pesquisa, incluindo Áreas de Preservação Permanente (APPs). As APPs são as áreas designadas no Código Florestal (Lei federal 4.771 de 1969) para serem conservadas ao longo dos cursos-d’água, nos topos de morros e em áreas muito inclinadas, rurais ou urbanas.

Já as áreas de Reserva Legal, também previstas no Código Florestal, são as áreas averbadas como de preservação permanente em cada propriedade agrícola (20%, no mínimo, no sul do Brasil).

Entre as espécies verificadas invadindo ativamente sistemas naturais na Serra estão o pinheiro (Pinus taeda, Pináceas, norte-americano), lírio-do-brejo (Hedychium coronarium, da família Zingiberáceas, africano), maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana, Balsamináceas, africano), tojo (Ulex europaeus, Fabáceas, europeu), rosinha (Rosa multiflora, Rosáceas, européia), ipezinho (Tecoma stans, Bignoniáceas, norte-americano), capim-elefante (Pennisetum purpureum, Poáceas, africano), mombrécia (Crocosmia x crocosmiiflora, Iridáceas, híbrido artificial de espécies africanas) e o inhame (Colocasia esculenta, Aráceas, asiático).

Ela escolheu iniciar seu estudo pela região serrana do Estado por esta apresentar agricultura intensiva, baseada em propriedades pequenas e médias, muito propícias ao desenvolvimento de plantas exóticas. A Serra Gaúcha compreende municípios como Canela, Gramado, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Vacaria, e municípios voltados à pecuária, como São Francisco de Paula e São José dos Ausentes, a até 1.400 metros de altitude.

As plantas foram encontradas em matas, campos naturais, banhados (brejos), afloramentos rochosos e em áreas degradadas em processo de recuperação. Diversas infestações foram encontradas no entorno de taperas (habitações rurais abandonadas), demonstrando a origem rural e agrícola das invasões, relata a consultora do Pnud.

Adaptação ao frio

Um dos resultados mais iteressantes do levantamento, destaca Ana Carla, é o fato de que diversas espécies exóticas encontradas invadindo áreas naturais eram consideradas espécies tropicais, portanto, seriam intolerantes ao frio. Porém, essas espécies, como o inhame e a maria-sem-vergonha, se adaptaram e estão invadindo pesadamente áreas naturais nessa região de temperaturas muito baixas no inverno. Outra constatação é a de que em certos ecossistemas diversas espécies invasoras convivem e somam seus efeitos destrutivos.

Os levantamentos visam principalmente conhecer a origem e a dinâmica das invasões, permitindo tornar mais eficiente o controle das plantas invasoras e mesmo prevenir as infestações, especialmente em regiões dotadas de unidades de conservação e de áreas de vegetação natural significativas.

Indagada pela EcoAgência, a consultora do Pnud afirmou que o eucalipto (Eucalyptus tereticornis, Mirtáceas), o pinheiro (Pinus taeda, Pináceas), a uva-japonesa (Hovenia dulcis, Rhamnáceas), a leucena (Leucaena leucocephala, Leguminosas) e a casuarina (Casuarina equisetifolia, Casuarináceas) são espécies silviculturais, produtoras de madeira útil, que já provaram ser infestantes de ecossistemas naturais no Rio Grande do Sul e em outros Estados brasileiros.

Por isso, segundo ela, a utilização de tais espécies deve ser acompanhada de monitoramento rigoroso que inclua, em caso de invasão de áreas proibidas, sanções legais e a obrigação de que se faça seu controle. “Em APPS, áreas de Reserva Legal e em áreas contíguas a unidades de conservação, seu plantio é vetado”, advertiu.

Cartilha para controle

Ana Carla explicou que é possível o controle das invasões de exóticas pela prevenção (evitando-se que espécies conhecidas como invasoras sejam plantadas em regiões propícias ao seu crescimento), pelo controle dos focos iniciais e pelo manejo das invasões mais sérias, utilizando-se técnicas variadas, como a capina, o arrancamento, o corte raso, o abafamento com filmes plásticos e combinações dessas e de outras  técnicas.

Um dos produtos finais do levantamento, no final do ano, será a elaboração de uma cartilha ilustrada para educação ambiental, pela qual moradores, escolares e fazendeiros possam identificar as plantas invasoras, evitando seu plantio e eliminando os focos em suas propriedades.

“O prejuízo maior é ecológico, pelos impactos diretos e indiretos à  biodiversidade, como redução de populações, extinção e afastamento de animais nativos que dependem de plantas nativas. Também podem ser afetados a produção de água, o clima e a qualidade do ar, pela facilitação e agravamento dos incêndios. O turismo pode ser afetado, bem como a produção agrícola e pecuária”, adverte a especialista.

As espécies invasoras ocupam o ambiente das plantas nativas, deslocando-as e sombreando-as. Também liberam no solo substâncias alelopáticas (tóxicas) que impedem o crescimento das plantas nativas. As plantas exóticas afastam animais nativos, favorecem animais domésticos e invasores, reduzem o fluxo fluvial, aumentam os riscos de incêndios, degradam o solo, entre outros impactos.

Ação do vento

Como exemplo tem-se o “pinheiro” Pinus taeda (família Pináceas), nativo dos Estados Unidos, plantado intensivamente nos campos na Serra Gaúcha. Muitos campos foram ali invadidos por plantas dessa espécie, geradas a partir de sementes levadas pelo vento. Sob as plantas dessa árvore exótica praticamente nada cresce, tornando-se a área invadida equivalente a um deserto.

Em muitas regiões do Brasil as plantas exóticas invasoras causam problemas sérios de conservação, descaracterizando áreas de vegetação natural, com prejuízo para a flora e a fauna nativas.

Na Serra da Mantiqueira, Serra do Mar e litoral do Estado de São Paulo
áreas numerosas e muito extensas de vegetação nativa têm sido descaracterizadas pela invasão de plantas exóticas, como a “bananeira-rosa” (Musa violascens, Musáceas), a “maria-sem-vergonha” (Impatiens walleriana, Balsamináceas), o “lírio-do-brejo” (Hedychium coronarium, Zingiberáceas), a mombrécia (Tritonia x crocosmiiflora, Iridáceas) e o chá verde (Camellia sinensis, Theáceas).

“Em quase todo o mundo as invasões vegetais são um problema seríssimo de conservação de ecossistemas naturais”, finaliza Ana Carla.

(Por Ulisses A. Nenê, EcoAgência, 13/07/2007)

 


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -