Uma tensa reunião realizada no final da manhã de ontem (13/07) com promotores do Ministério Público de Carazinho, no norte do Estado, marcou o segundo e último dia da mobilização de ruralistas contrários à desapropriação da Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul.
Desde a tarde de quinta-feira, uma centena de produtores de todo o Estado se reuniu na sede da propriedade da família Guerra. Desde abril de 2004, o local foi invadido oito vezes pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
No encontro com os promotores, após uma carreata, foi entregue pelo presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, um documento detalhando a contrariedade dos produtores rurais à postura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No final do ano passado, o órgão encaminhou ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) uma proposta de desapropriação da Coqueiros, mesmo reconhecendo que a área é produtiva.
Recebidos pelo promotor Cristiano Ledur, os ruralistas ouviram uma resposta semelhante à exposta dia 15 de junho, em uma audiência pública que contou com a participação do MST. Para o Ministério Público, a solução depende do governo federal.
- Não fazemos juízo de valor, se desapropriar é correto ou não. Queremos é uma solução definitiva, que passa pelo âmbito político - explicou Ledur.
- Desapropriar uma fazenda produtiva é rasgar a Constituição - argumentou o assessor jurídico da Farsul, Nestor Hein.
Entre as propostas discutidas, estão a de excluir os participantes de invasões do programa nacional de reforma agrária e a de tentar encontrar caminhos legais para desativar os acampamentos do MST na região.
- Quem sabe isso que ocorreu quinta e sexta-feira mude a nossa realidade para melhor - diz Félix Guerra, um dos proprietários da Coqueiros.
O Incra não se manifestou sobre a mobilização dos ruralistas em Coqueiros e Carazinho, mas reitera que a proposta de desapropriação segue em análise no MDA, em Brasília.
(Por Cleber Bertoncello, Zero Hora, 14/07/2007)