Pimenta com salmonella da Índia. Carne de caranguejo do México muito suja para ser consumida. Doces da Dinamarca com rótulos errados. Numa época em que importações chinesas se encontram debaixo de fogo por contaminações ou defeitos, arquivos federais sugerem que a China não é o único país que apresenta problemas em suas exportações.
Na verdade, inspetores americanos interromperam mais carregamentos de alimentos da Índia e do México no ano passado do que da China, mostra uma análise de dados mantidos pelo FDA. E apesar dos bastante noticiados problemas da China com frutos do mar contaminados, inspetores americanos recusaram produtos da República Dominicana e doces da Dinamarca muito mais vezes.
Produtos vindos da República Dominicana foram rejeitados 817 vezes no ano passado, normalmente por conter traços de pesticidas ilegais. Doces da Dinamarca foram barrados 520 vezes. Os frutos do mar chineses foram parados na fronteira 391 vezes durante o ano passado. "Este não é um problema de um país só", disse Carl R. Nielsen, que saiu do FDA em 2005, após 28 anos trabalhando na agência. Seu último emprego foi como diretor do Gabinete da Divisão de Assuntos Regulatórios de Operações e Políticas de Importação. "O que estamos sentindo é uma globalização massiva", disse.
O banco de dados do FDA não captura necessariamente um espectro completo e preciso da qualidade dos produtos de outros países. Apenas um ano de dados está disponível no website da agência. O FDA inspeciona cerca de 1% das importações que caem em sua jurisdição. Portanto, a agência pode deixar passar muitos produtos contaminados ou defeituosos.
O banco de dados do FDA também falha em revelar a quantidade de produtos que são rejeitados, então é impossível de saber se foi rejeitada apenas uma caixa ou todo um carregamento de pepinos. Em casos de problemas recorrentes, o FDA pode emitir um alerta de importações, que leva à inspeção adicional na fronteira. No mês passado, por exemplo, o FDA emitiu não apenas um alerta para os peixes chineses, mas também alertas para melões mexicanos e arroz basmati indiano.
Críticos argumentam que o FDA não se transformou para lidar com a enxurrada de importações causada pela abertura das fronteiras aos produtos mundiais. Nancy M. Childs, professora de marketing de alimentos na Universidade St. Joseph, disse: "A medida que pressionamos por preços mais baixos, expulsando nossa cadeia de fornecimento, ficamos mais eficientes. Mas em um dado momento, não existe mais eficiência, sacrificando assim a qualidade".
(Por Andrew Martin e Griff Palmer, The