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crise energética
2007-07-13

O apagão enfrentado pela Argentina tem razões que não encontram paralelo no Brasil, mas servem como um triste alerta para o que os brasileiros poderiam vir a enfrentar se os governos não agirem rapidamente para assegurar oferta de energia compatível com os níveis de desenvolvimento. Agravado pela queda da temperatura, os problemas de desabastecimento no país vizinho, rico em petróleo e gás natural, vêm afetando desde residências, que estão enfrentando falta de luz, até a indústria, a agricultura e mesmo o sistema de transporte coletivo movido a gás, já que a opção foi por privilegiar o abastecimento das residências. Por isso, sem alarmismo e sem fatalismos, é importante que o Brasil se mire nesse exemplo de imprevidência por parte do país vizinho e corra para recuperar o tempo perdido nessa área, transmitindo um recado claro à sociedade e aos investidores de que o país está preservado do chamado "efeito Kirchner", de preferência com gestos concretos.

 

A crônica das dificuldades argentinas é um pouco a da própria história recente do país. Sacudido por mudanças estruturais decisivas, por crise econômica e social e por tempestades políticas que desagregaram profundamente a sociedade, o país do presidente Néstor Kirchner vive hoje uma desarrumação estrutural que é efeito disso tudo e, ao mesmo tempo, causa da persistência das distorções. O crescimento acelerado que se verificou nos últimos dois anos, como reação à profunda depressão vivida pela Argentina entre 2000 e 2002, consumiu rapidamente as reservas de energia, expondo a falta de investimentos estratégicos, o que também era uma das mais nefastas conseqüências do período de crise. O apagão energético, que já preocupava o governo e a indústria, ganhou componentes importantes com as mudanças ocorridas na Bolívia, que levaram a um estrangulamento no abastecimento de gás, e, agora, com o aumento do consumo gerado pela surpreendente onda de frio neste Inverno.

 

As raízes do apagão energético argentino, por representarem situações que não são incomuns a outras realidades, exigem a reflexão do governo brasileiro e dos setores ligados ao abastecimento e ao consumo de energia. Insumo fundamental para o crescimento do país e para a manutenção dos níveis de serviços da sociedade, a energia precisa merecer, por isso, a preocupação dos governos. As dificuldades de abastecimento que atingem a Argentina, as causas que levaram a essa situação, a crise com a Bolívia que reduziu a oferta de gás, a necessidade de planejamento que, no caso, é sempre de longo prazo e a diversificação das fontes de energia, todos são fatores que se somam para explicar porque o desenvolvimento de um país pode ser severamente afetado. A questão, vê-se agora, não pode ser considerada apenas do ponto de vista de um país isolado. O alerta argentino está mostrando que, por autodefesa ou por solidariedade continental, a questão energética, mesmo que seja um dever de cada país, exige um tratamento supranacional. Só uma integração energética responsável pode enfrentar sem sobressaltos problemas como os que hoje afetam a Argentina.

(Diário Catarinense, 13/07/2007)

 


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