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crise energética
2007-07-13

Após uma reunião do presidente Néstor Kirchner com executivos das petroleiras YPF, Esso e Petrobras, o governo argentino anunciou um programa de substituição de gás por combustíveis líquidos para a indústria, em mais uma medida para combater a crise energética vivida pelo país.

 

O programa "Energia Total", anunciado pelo ministro do Planejamento, Julio de Vido, prevê que as petroleiras forneçam às indústrias combustíveis líquidos (gasolina e diesel) para suas máquinas pelo mesmo preço que cobrariam pelo gás natural. A duração inicial do plano é de 90 dias.

 

Com isso, afirmou De Vido, o governo espera que seja gerada uma economia diária de 5,8 milhões de metros cúbicos de gás (mais do que os 4,6 milhões que o país importa hoje da Bolívia), que seriam redeslocados para a produção de eletricidade e o consumo residencial. A indústria responde por 35% do consumo de gás em períodos normais, contra 20% das casas e 30% das centrais elétricas.

 

Sacrifício

O programa é uma tentativa de resolver os problemas da indústria, maior afetada pela crise energética que começou no fim de maio. Pelo menos 4.000 fábricas do país foram prejudicadas pela falta de gás e pelo racionamento de eletricidade -durante oito horas por dia, são obrigadas a reduzir seu consumo aos níveis de 2005, com o que o governo calcula economizar 1.200 MWh, que impedem o sistema elétrico de entrar no comércio.

 

A cota de sacrifício da indústria ficou clara com a divulgação dos números do consumo elétrico em junho. Em relação ao mesmo mês do ano passado, aumentou 7,3% o consumo de eletricidade. O aumento aconteceu em todas as categorias tarifárias, menos a dos grandes usuários (na qual houve um recuo de 9,9%).

 

Analistas temem que a restrição energética ao setor industrial leve a uma desaceleração do crescimento da economia do país, que vem se mantendo acima dos 8% nos últimos anos.

 

Apesar dos alertas, o governo não abre mão de dar prioridade absoluta aos consumidores domésticos, por medo dos efeitos eleitorais que teria um racionamento de energia para os cidadãos. A falta de incentivos à economia pelas casas teve como resultado um aumento de 17,4% no consumo de eletricidade por usuários residenciais entre maio e junho.

 

Táxis

A medida de oferecer combustível líquido a preço de gás para as indústrias é uma repetição do que já acontece desde terça-feira nos postos de combustível do país, onde taxistas podem abastecer seus carros com gasolina ao mesmo preço que pagariam pelo GNV (gás natural veicular), que é 50% mais barato.

 

Ontem pela manhã, alguns postos voltaram a vender GNV. Outros mantiveram a promoção da gasolina, que a YPF e a Petrobras anunciaram que estenderão para todo o país, medida que vinha sendo reclamada por taxistas do interior.

(Por Rodrigo Rotzsch, Folha de S. Paulo, 13/07/2007)

 


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