Mais da metade das cerca de 1,5 mil pessoas atingidas pelas cheias dos rios Caí e Taquari na terça-feira ainda não conseguiu voltar para casa. Os desalojados aguardam a limpeza de ruas e moradias para evitar a contaminação por doenças e problemas respiratórios.
A expectativa é de que as águas continuem baixando e os dois rios retornem aos níveis normais até o final do dia. Entretanto, com a previsão de pancadas de chuva para hoje e amanhã, o alerta continua, pois poderá prejudicar o retorno das famílias.
- As equipes estão de prontidão e em constante monitoramento do nível dos rios. Pelo nosso prognóstico, deve chover 20 milímetros. É a metade da precipitação registrada no início da semana, quando tivemos as enchentes - analisa o subchefe da Defesa Civil no Estado, tenente-coronel Marco Aurélio da Silva Forlin.
Prefeito decretou situação em emergência no Vale do CaíEm São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, 350 pessoas afetadas pela elevação do rio seguem abrigadas em ginásios do município e na garagem da Secretaria de Obras, mas devem retornar às suas casas a partir de hoje. O prefeito Léo Alberto Klein, que na quarta-feira decretou situação de emergência, explica que essa situação deverá continuar por 30 dias. Nesse período, a administração municipal poderá comprar alimentos e agasalhos sem licitação e exceder a cota do orçamento destinado à Secretaria de Assistência Social.
No Vale do Taquari, três municípios ainda registram vítimas das cheias. Em Lajeado, 400 pessoas permanecem nas residências de familiares ou em ginásios. Na vizinha Estrela, a maioria dos 53 desalojados está no ginásio do Colégio Martin Luther.
É o caso da pensionista Janete da Silva, 40 anos. Com dificuldades para caminhar, ela ainda não sabe em que estado ficou sua casa, uma construção de madeira já danificada por outros alagamentos.
- Se pudesse, teria voltado pra casa. Mas como está molhada, não posso. Me ataca a bronquite. Roupas, a gente até conseguiu, mas no ginásio é muito frio. Perdemos pelo menos três roupeiros e o jogo de panelas novo que ganhei de aniversário - lamenta Janete.
Famílias começam a voltar para casas atingidasEm Cruzeiro do Sul, 80 pessoas estão impedidas de voltar às suas casas. Ontem, três moradias na barranca do Rio Taquari foram interditadas pela prefeitura devido ao risco de desmoronamento. Uma das afetadas, a dona de casa Maria Isabel Rocha Taisses, 41 anos, se preparava ontem para se juntar aos desalojados pela enchente.
- A casa rachou. Se não fosse um pilar de tijolos, já tinha caído.
Esta semana, as construções devem ser destruídas para evitar acidantes no futuro. Segundo a prefeitura, as famílias vão ganhar terrenos em loteamentos populares e residências erguidas em mutirão.
Nos demais municípios atingidos pelas cheias - Arroio do Meio, Roca Sales, Muçum, Encantado, Gravataí e Igrejinha - as famílias já voltaram para seus lares.
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ZH, 13/07/2007)