Depois de meses de queda-de-braço entre as ministras Dilma Rousseff (Casa Civil) e Marina Silva (Meio Ambiente), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou quarta-feira a demora de dois anos na licença prévia para construção das Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia.
'Em licença não tem facilidade', disse Lula, ao comentar a atitude do Ibama, órgão que criticou várias vezes pela demora da licença. 'Facilidade é se houver trambicagem', avaliou. 'Se quiser respeitar o meio ambiente e estar de acordo com a lei, sempre será demorado.'
O presidente avaliou que o Ibama também não dará facilmente as outras licenças necessárias para a conclusão das obras no Madeira. Desta vez, ele evitou criticar o órgão. 'Estou feliz. A Marina definiu bem: demorou, mas saiu uma coisa consistente.'
Desde que começou o debate no governo sobre a construção das usinas, Lula fez diversas críticas ao Ibama. Em abril, numa reunião do conselho político, ele chegou a fazer ironia com a exigência de garantia da preservação dos peixes do Madeira. 'Agora não pode por causa do bagre, jogaram o bagre no colo do presidente', reclamou.
Lula disse considerar que o licenciamento das usinas do Madeira é importante por se tratar de um projeto 'simbólico'. Ele lembrou que as obras da usina de Belo Monte, no Pará, por exemplo, estão sendo discutidas há 20 anos.
O presidente reclamou da pressão de alguns setores por investimentos em energia. 'Agora, no Brasil, fico vendo, de vez em quando, as pessoas dizerem: vai faltar energia, se não acontecer isso, se não acontecer aquilo. Ora, com tanto 'se' colocado na frente da afirmação estamos todos desgraçados neste mundo', desabafou.
O presidente ressaltou que o governo tem 'consciência' de que não pode faltar energia para garantir o crescimento de 5% da economia por ano.
(Por Leonencio Nossa,
O Estado de S.Paulo, 12/07/2007)