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desmatamento emissões de gases-estufa
2007-07-13
“O desmatamento na Amazônia é o calcanhar-de-aquiles do Brasil”.  A constatação é do climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em referência aos níveis de emissão de gases de efeito estufa que são anualmente observados na região.  Ele fez sua afirmativa com base em dados de satélites do Instituto, que mensuram as queimadas na Amazônia.

Da mesma forma, o físico Luiz Pinguelli Rosa (foto), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que “são necessárias metas de desmatamento na Amazônia para que o País possa diminuir ainda mais suas emissões de gases de efeito estufa”.  Ambos palestraram ontem, na 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém (PA).

Os cientistas fizeram suas observações a partir de dados coletados em pesquisas nas quais foram observadas estatísticas da emissão de CO2 a partir de desmatamentos e queimadas na Floresta Amazônica.  De acordo com Pinguelli Rosa, de 1970 a 2004 o crescimento das emissões foi de 70%.  Utilizando outra escala de tempo, Nobre ressaltou duas grandes épocas em que ocorreu recorde de emissão de gases oriundos de desflorestamentos, uma na década de 1990 e outra recente, em 2004.  Por conta disso, Pinguelli Rosa afirmou a necessidade de um plano trienal de avaliação dos desmatamentos amazônicos.

Os pesquisadores ainda chamaram atenção para o fato de o Brasil ser o quarto maior emissor de carbono da atmosfera terrestre devido às queimadas, ao desmatamento e às mudanças de uso da terra como um todo.  Na visão de Nobre, “a inteligência humana pôs a Terra em risco”, sendo necessário, segundo ele, rebaixar o despejo de CO2 na atmosfera sob o risco da temperatura chegar a mais 2 ºC até 2050 na região amazônica.  Frente à necessidade da ação, conforme Luiz Pinguelli Rosa, a proposta é que seja criado um fórum específico de discussão que avalie constantemente as metas das emissões de carbono dos desflorestamentos no País e principalmente na Amazônia, onde a pressão é maior.  “Isso não precisa ocorrer de 20 em 20 anos, mas sim de três em três anos.  Implementar uma meta de desmatamento é muito importante”, disse o físico.

A proposta de serem discutidos planos de ação trienais para o problema do desmatamento na Amazônia foi levada há três semanas para o secretário especial de Ações de Longo Prazo do governo Lula, Mangabeira Unger, pelo físico da UFRJ.  Segundo Pinguelli Rosa, a viabilidade está sendo estudada e não há prazos concretos para que o governo decida sobre a concretização da sua sugestão.  Carlos Nobre corroborou com a discussão do cientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro enfatizando o problema da redistribuição da produção de energia do Brasil.  “Os biocombustíveis vão ocupar a matriz energética, mas isso não acaba o problema.  O gás carbônico (CO2) tem sido emitido (em grande parte das queimadas amazônicas) a uma taxa 3% maior a cada ano”, exemplificou.

Sobre hidrelétricas
Sobre a informação veiculada anteontem pelo Em Tempo, quando foi noticiado que o governo federal pretende construir cerca de 75 hidrelétricas na Amazônia até 2050, Pinguelli Rosa também deu sua contribuição.  No que tange a esse planejamento federal, já tinham opinado o diretor-executivo do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Antonio Manzi, bem como o climatologista Carlos Nobre (Inpe).

Nobre e Manzi foram contrários a esse plano caso não sejam efetuados Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/Rima) detalhados da região amazônica.  Nesse sentido, Manzi se dispôs a ajudar na ação de levantamento socioambiental para a viabilidade das obras.  “O Inpa já está à disposição para assessorar o governo federal no que for possível.  Se o governo quer desenvolver um grande programa para implantar hidrelétricas na Amazônia, temos de estudar a viabilidade”.

Informado sobre a proposta e da opinião dos pesquisadores do Inpa e Inpe, o físico Luiz Pinguelli Rosa se mostrou mais otimista que ambos, porém ele enfatizou que prefere a cautela, pois “a sociedade é quem tem de resolver o que é melhor para ela”.  “Há sim muitos impactos (com a construção de 75 hidrelétricas), mas aí há de se ver.  O custo de Angra 3 deve ser o triplo de uma hidrelétrica, mas não gera emissões de gases de efeito estufa.  Nesse caso nuclear, o problema é o lixo radioativo”, ponderou, ressaltando vantagens e desvantagens entre os modelos hidrelétrico e nuclear de geração de energia.

Contrapondo-se aos dois modelos, o físico defendeu a geração de energia no Brasil por meios alternativos, tais como o solar, a via eólica, e ainda por meio da degeneração de resíduos sólidos (lixo) e dejetos líquidos (esgoto).  “O Lovelock (cientista inglês) está defendendo o crescimento da energia nuclear e os ambientalistas estão mudando de posição.  Eu quero antes disso a criação da Rede Brasileira de Pesquisa em Mudanças Climáticas”, afirmou, enfatizando os meios alternativos como sendo os mais aplicáveis no Brasil, frente à necessidade de redução de emissões de gases de efeito estufa.

(Por Renan Albuquerque, Amazonas Em Tempo, 12/07/2007)


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