O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) denunciou da tribuna que a Polícia Federal prepara "uma verdadeira operação de guerra" para retirar milhares de moradores da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Lembrou que o Supremo Tribunal Federal ainda não se manifestou sobre uma ação dos moradores das quatro cidades que estão dentro da reserva e que não aceitam o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que fixou a área indígena.
Ele leu em Plenário documento que, afirma, lhe foi repassado por um policial que não concorda com a operação, o qual detalha como seria realizada. O documento menciona o deslocamento de centenas de policiais de outros estados, reivindica apoio logístico do Exército e da Aeronáutica e pede o uso de dois helicópteros, balas de borracha e bombas de gás para contenção de motins.
- Para que essa operação de guerra? Para combater o narcotráfico? Para combater alguma subversão da ordem em Roraima?Não. É para combater trabalhadores que estão lá, produzindo e gerando mais de seis mil empregos diretos e indiretos - afirmou.
Mozarildo observou que o presidente Lula assinou o decreto de criação da reserva pressionado por ONGs e pela Igreja Católica e que o laudo antropológico, assinado "por poucas pessoas que se acham colegas de Deus", atesta que a região historicamente sempre foi ocupada por algumas etnias.
- Ora, a maioria dos índios que se encontra em Roraima veio do Caribe, onde foram perseguidos pelos espanhóis. Vamos tentar fazer exames de DNA para saber se as pessoas que estão sendo expulsas não são mesmo indígenas. Lá hoje existe, isto sim, uma população miscigenada - acrescentou.
O senador lembrou que a reserva Raposa Serra do Sol foi criada com 1,7 milhão de hectares. Se o governo tivesse preservado as quatro cidades abrangidas, ela ainda continuaria com 1,4 milhão de hectares. Afirmou que, curiosamente, uma parte dos indígenas destas cidades hoje está no funcionalismo público, ocupando não apenas funções como policiais, mas inclusive de representação, como vereadores.
(Por Eli Teixeira, Agência Senado, 12/07/2007)