A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (12/07) o Projeto de Lei 3877/04, do Senado, que regulamenta o registro, o funcionamento e a fiscalização das chamadas organizações não-governamentais (ONGs).
De autoria da comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Senado que investigou as ONGs, o projeto determina que essas entidades deverão, uma vez por ano, prestar contas dos recursos recebidos, e serão catalogadas em cadastro específico mantido pelo Ministério da Justiça. Quando sua origem for estrangeira, a ONG dependerá de autorização do ministério para funcionar.
Tutela estatal
O relator, deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), afirmou, em seu parecer pela aprovação, que o projeto é conciso e abrangente. "Em algumas esferas militares, talvez até com algum excesso de zelo, entidades estrangeiras chegam a ser acusadas de conspirar contra a soberania nacional, sob pretexto de defender a preservação da floresta amazônica. Não se pode afirmar, sem aprofundado exame, a procedência de tais alegações, mas sua simples existência demonstra que o funcionamento das ONGs não pode, como hoje ocorre, seguir sem nenhuma tutela estatal", disse o relator.
De acordo com a proposta, o repasse de recursos da União, dos estados e dos municípios e a celebração de convênios e contratos ficam condicionados à apresentação, pela ONG, de auditoria independente em suas contas e movimentações financeiras junto ao órgão contratante.
"A oportunidade do projeto se torna mais evidente na atual conjuntura política, em que sucessivos escândalos envolvem autoridades públicas, emparedando o Poder Legislativo e o tornando perigosamente questionável aos olhos da sociedade", afirmou. Segundo Marquezelli, o Congresso Nacional, ao aprovar o projeto, estará marcando um ponto positivo para recuperar sua credibilidade junto à opinião pública.
Tramitação
Sujeito à apreciação do Plenário, o projeto tramita em regime de prioridade, e será analisado agora pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
(Por Luiz Cláudio Pinheiro, Agência Câmara, 12/07/2007)